segunda-feira, 15 de junho de 2009

Airbus



No mundo
Que meus pés viajam
Em asas de pensamento
O passaporte
É minha substância corpórea.

Leandro Dias

domingo, 12 de abril de 2009

Anúncio de Jornal


No Século XXI
Usa-se "Super Bonder"
Para corações partidos

Leandro Dias

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Amamentação


Não comprometa seu peito
A uma dor
Que não passa com Anador

Chore seu sentimento
Numa bacia limpa
Deságüe no leito do rio
Dos pensamentos impensáveis

Preserve-o
Para amamentar a felicidade
Que estará ao seu cuidado.

Leandro Dias

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A Flora me matou

A Flora me matou de vez. Nem deu tempo de pedir “Por favor, não me mate!”. Ela me pegou de surpresa, sentado no sofá de casa. Não faço a mínima idéia de como ela entrou. Só sei que me matou.

Aquela carinha de anjo no começo não me enganava. Sabia que ela era perigosa. Era muita sacanagem uma pessoa viver vinte anos de sua vida presa sem ter feito absolutamente nada. E ainda fazendo pose de “coitadinha”. Aí tinha coisa. Ah se tinha! E eu sabia que isso tudo iria se resolver. Todos iriam saber que foi ela que matou uma boa parte do elenco da novela. Se é que ela não matou mais gente no percurso do intervalo da novela, de um dia para outro.

Num desses intervalos, Flora apareceu em minha casa, ficou cara a cara comigo. Gelei! Ouvi insultos dos maiores possíveis. Chorei muito. Mas aqueles olhos claros e vivos queriam me ver morto, estático no chão.

Não posso negar que o medo tomou conta de mim o tempo todo em que estive perto da Flora. Rindo do meu choro, ela me olhou, como se sentisse piedade de alguma coisa. Porém era apenas uma impressão falsa. Ela tirou minha vida. Tão pouco vivida, de forma tão fria.

A Flora me matou. Hoje pairo nas esferas imortais, assistindo Flora matar um de cada vez, assim como me matou. Nunca uma pessoa tão má me fez refletir sobre a vida, mesmo sendo morto por ela. Acabei me tornando fã dela. Não uma Flora que mata, mas uma Flora que interpreta a face humana egoísta e orgulhosa que hoje consome o mundo.

Aqui jaz mais uma vítima da Flora.

Leandro Dias

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Refeição Light


Na salada do desgosto
Põe-se o que é amargo.

Ao servir
Segue porções de infelicidade e indiferença.

Nesta refeição light
O gosto fica por conta do paladar de quem come.

Leandro Dias